sábado, 13 de novembro de 2010


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Motivo
Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste: sou poeta.
Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias no vento.
Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei.
Não sei se fico ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo: — mais nada.
Cecília Meireles

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Mãos que não se Fecham


Benditas são as mãos que não se fecham

Que seguram o bebê para não chorar
Que ajudam o velhinho a caminhar
Que plantam flores para perfumar
Mãos humildes que estão sempre a ajudar.

Benditas são as mãos das mães
Sempre abertas para abençoar
Ensina ao filho como deve caminhar
Mãos macias para acariciar
Mãos fortes para energizar
Mãos que não deixam o filho fracassar.

Benditas são as mãos dos médicos
Que seguram o aparelho para consultar
Examinam o paciente e começa a medicar
Apertam a mão do doente e pede para confiar
E o paciente já começa a melhorar.

Benditas são as mãos das criancinhas
Mãos puras, inocentes, sempre abertas para amar,
Mãos pequeninas, para ajudar,
Porém, grandes na pureza para amar.
Mãos que pedem à mãe para abençoar
Rezam sua oração e vão logo descansar.

Benditas são as mãos do professor
Que seguram o giz e começa a ensinar
Ministra os conteúdos e ensina a pesquisar
Mostra o caminho para o aluno se educar,
O dever de cidadão, ele também vai ensinar.

Benditas são as mãos do agricultor
Que pegam a enxada e começam a plantar.
Mãos encaliçadas, porém, muito encorajadas
Mãos esperançosas, por sempre acreditar
Na colheita do roçado para a família alimentar.
Mãos abertas para sempre trabalhar.

Mas benditas são as mãos de Maria
Que nunca se fecham,
Para segurar todas essas mãos!!!

de Francisca Cruz Macedo

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Sinta Van Gogh

Na obra "Noite Estrelada"a inquietação do autor salta da tela e inunda os nossos sentidos com seu emaranhado de sensações vertiginosas e envolventes.
Vicent Van Gogh
NOITE ESTRELADA
"Não quero pintar quadros, quero pintar a vida"




Noite ENOIstrelada
    

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Oração do Milho

Senhor, nada valho.
Sou a planta humilde dos quintais pequenos e das lavouras pobres,

Meu grão, perdido por acaso,
Nasce e cresce na terra descuidada.
Ponho folhas e haste, e se me ajudardes, Senhor, mesmo planta
De acaso, solitária,
dou espigas e devolvo em muitos grãos
o grão perdido inicial, salvo por milagre, que a terra fecundou.
Sou a planta primária da lavoura.
Não me pertence a hierarquia tradicional do trigo
E de mim não se faz o pão alvo universal.
O justo não me consagrou Pão de Vida, nem lugar me foi dado nos altares.
Sou apenas o alimento forte e substancial dos que
Trabalham a terra, onde não vinga o trigo nobre.
Sou de origem obscura e de ascendência pobre,
Alimento de rústicos e animais do jugo.

Quando os deuses da Hélade corriam pelos bosques,
Coroados de rosas e de espigas,
Quando os hebreus iam em longas caravanas
Buscar na terra do Egito o trigo dos faraós,
Quando Rute respigava cantando nas searas do Booz
E Jesus abençoava os trigais maduros,
Eu era apenas o bró nativo das tabas ameríndias.
Fui o angu pesado e constante do escravo na exaustão do eito.
Sou a broa grosseira e modesta do pequeno sitiante.
Sou a farinha econômica do proletário.
Sou a polenta do imigrante e a miga dos que começam a vida em terra estranha.
Alimento de porcos e do triste mu de carga.
O que me planta não levanta comércio, nem avantaja dinheiro.
Sou apenas a fartura generosa e despreocupada dos paióis.
Sou o cocho abastecido donde rumina o gado.
Sou o canto festivo dos galos na glória do dia que amanhece.
Sou o cacarejo alegre das poedeiras à volta dos seus ninhos.
Sou a pobreza vegetal agradecida a Vós, Senhor,
Que me fizestes necessário e humilde.
Sou o milho.
                                   Cora Coralina

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Que cada um faça a sua parte!

Esta é uma história de quatro pessoas: TODO MUNDO, ALGUÉM, QUALQUER UM e NINGUÉM.
Havia um trabalho importante a ser feito e TODO MUNDO tinha certeza de que ALGUÉM o faria.
QUALQUER UM poderia tê-lo feito, mas NINGUÉM o fêz.
ALGUÉM zangou-se porque era um trabalho de TODO MUNDO.
TODO MUNDO pensou que QUALQUER UM poderia fazê-lo, mas NINGUÉM imaginou que TODO MUNDO deixasse de fazê-lo.
Ao final, TODO MUNDO culpou ALGUÉM quando NINGUÉM fez o que QUALQUER UM poderia ter feito.