domingo, 10 de abril de 2011

"Para Sara, Raquel, Lia e para todas as crianças"

"Para Sara, Raquel, Lia e para todas as crianças"

 Carlos Drummond de Andrade
Eu queria uma escola que cultivasse
a curiosidade de aprender
que é em vocês natural.

Eu queria uma escola que educasse
seu corpo e seus movimentos:
que possibilitasse seu crescimento
físico e sadio. Normal

Eu queria uma escola que lhes
ensinasse tudo sobre a natureza,
o ar, a matéria, as plantas, os animais,
seu próprio corpo. Deus.

Mas que ensinasse primeiro pela
observação, pela descoberta,
pela experimentação.

E que dessas coisas lhes ensinasse
não só o conhecer, como também
a aceitar, a amar e preservar.

Eu queria uma escola que lhes
ensinasse tudo sobre a nossa história
e a nossa terra de uma maneira
viva e atraente.

Eu queria uma escola que lhes
ensinasse a usarem bem a nossa língua,
a pensarem e a se expressarem
com clareza.

Eu queria uma escola que lhes
ensinassem a pensar, a raciocinar,
a procurar soluções.

Eu queria uma escola que desde cedo
usasse materiais concretos para que vocês pudessem ir formando corretamente os conceitos matemáticos, os conceitos de números, as operações... pedrinhas... só porcariinhas!... fazendo vocês aprenderem brincando...

Oh! meu Deus!

Deus que livre vocês de uma escola
em que tenham que copiar pontos.

Deus que livre vocês de decorar
sem entender, nomes, datas, fatos...

Deus que livre vocês de aceitarem
conhecimentos "prontos",
mediocremente embalados
nos livros didáticos descartáveis.

Deus que livre vocês de ficarem
passivos, ouvindo e repetindo,
repetindo, repetindo...

Eu também queria uma escola
que ensinasse a conviver, a
coooperar,
a respeitar, a esperar, a saber viver
em comunidade, em união.

Que vocês aprendessem
a transformar e criar.

Que lhes desse múltiplos meios de
vocês expressarem cada
sentimento,
cada drama, cada emoção.

Ah! E antes que eu me esqueça:

Deus que livre vocês
de um professor incompetente.

sábado, 13 de novembro de 2010


cecilia_me.jpg
Motivo
Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste: sou poeta.
Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias no vento.
Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei.
Não sei se fico ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo: — mais nada.
Cecília Meireles

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Mãos que não se Fecham


Benditas são as mãos que não se fecham

Que seguram o bebê para não chorar
Que ajudam o velhinho a caminhar
Que plantam flores para perfumar
Mãos humildes que estão sempre a ajudar.

Benditas são as mãos das mães
Sempre abertas para abençoar
Ensina ao filho como deve caminhar
Mãos macias para acariciar
Mãos fortes para energizar
Mãos que não deixam o filho fracassar.

Benditas são as mãos dos médicos
Que seguram o aparelho para consultar
Examinam o paciente e começa a medicar
Apertam a mão do doente e pede para confiar
E o paciente já começa a melhorar.

Benditas são as mãos das criancinhas
Mãos puras, inocentes, sempre abertas para amar,
Mãos pequeninas, para ajudar,
Porém, grandes na pureza para amar.
Mãos que pedem à mãe para abençoar
Rezam sua oração e vão logo descansar.

Benditas são as mãos do professor
Que seguram o giz e começa a ensinar
Ministra os conteúdos e ensina a pesquisar
Mostra o caminho para o aluno se educar,
O dever de cidadão, ele também vai ensinar.

Benditas são as mãos do agricultor
Que pegam a enxada e começam a plantar.
Mãos encaliçadas, porém, muito encorajadas
Mãos esperançosas, por sempre acreditar
Na colheita do roçado para a família alimentar.
Mãos abertas para sempre trabalhar.

Mas benditas são as mãos de Maria
Que nunca se fecham,
Para segurar todas essas mãos!!!

de Francisca Cruz Macedo

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Sinta Van Gogh

Na obra "Noite Estrelada"a inquietação do autor salta da tela e inunda os nossos sentidos com seu emaranhado de sensações vertiginosas e envolventes.
Vicent Van Gogh
NOITE ESTRELADA
"Não quero pintar quadros, quero pintar a vida"




Noite ENOIstrelada
    

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Oração do Milho

Senhor, nada valho.
Sou a planta humilde dos quintais pequenos e das lavouras pobres,

Meu grão, perdido por acaso,
Nasce e cresce na terra descuidada.
Ponho folhas e haste, e se me ajudardes, Senhor, mesmo planta
De acaso, solitária,
dou espigas e devolvo em muitos grãos
o grão perdido inicial, salvo por milagre, que a terra fecundou.
Sou a planta primária da lavoura.
Não me pertence a hierarquia tradicional do trigo
E de mim não se faz o pão alvo universal.
O justo não me consagrou Pão de Vida, nem lugar me foi dado nos altares.
Sou apenas o alimento forte e substancial dos que
Trabalham a terra, onde não vinga o trigo nobre.
Sou de origem obscura e de ascendência pobre,
Alimento de rústicos e animais do jugo.

Quando os deuses da Hélade corriam pelos bosques,
Coroados de rosas e de espigas,
Quando os hebreus iam em longas caravanas
Buscar na terra do Egito o trigo dos faraós,
Quando Rute respigava cantando nas searas do Booz
E Jesus abençoava os trigais maduros,
Eu era apenas o bró nativo das tabas ameríndias.
Fui o angu pesado e constante do escravo na exaustão do eito.
Sou a broa grosseira e modesta do pequeno sitiante.
Sou a farinha econômica do proletário.
Sou a polenta do imigrante e a miga dos que começam a vida em terra estranha.
Alimento de porcos e do triste mu de carga.
O que me planta não levanta comércio, nem avantaja dinheiro.
Sou apenas a fartura generosa e despreocupada dos paióis.
Sou o cocho abastecido donde rumina o gado.
Sou o canto festivo dos galos na glória do dia que amanhece.
Sou o cacarejo alegre das poedeiras à volta dos seus ninhos.
Sou a pobreza vegetal agradecida a Vós, Senhor,
Que me fizestes necessário e humilde.
Sou o milho.
                                   Cora Coralina

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Que cada um faça a sua parte!

Esta é uma história de quatro pessoas: TODO MUNDO, ALGUÉM, QUALQUER UM e NINGUÉM.
Havia um trabalho importante a ser feito e TODO MUNDO tinha certeza de que ALGUÉM o faria.
QUALQUER UM poderia tê-lo feito, mas NINGUÉM o fêz.
ALGUÉM zangou-se porque era um trabalho de TODO MUNDO.
TODO MUNDO pensou que QUALQUER UM poderia fazê-lo, mas NINGUÉM imaginou que TODO MUNDO deixasse de fazê-lo.
Ao final, TODO MUNDO culpou ALGUÉM quando NINGUÉM fez o que QUALQUER UM poderia ter feito.